Aluno cotista tem desempenho semelhante ao de não-cotista

Por Pollyana Nascimento. Em 31/08/08 07:49. Atualizada em 24/01/12 08:26.
Relatório da Assessoria de Diversidade e Apoio aos Cotistas (Adac), da Universidade de Brasília (UnB), mostra que o desempenho acadêmico dos estudantes da instituição que entraram pelo sistema de cotas para negros é semelhante ao do sistema universal

A média dos cotistas é de 2,1 para as notas, em uma escala de 0 a 5. O número de trancamentos é de 0,3 e reprovações são duas por período. A nota média dos não-cotistas é de 2,3. Eles trancam em média uma disciplina ao longo do curso e 3,5 são reprovados por período. Deve-se considerar que o número de estudantes universalistas é muito maior que o de cotistas.

Antes do sistema, a UnB tinha apenas 2% de estudantes negros. Hoje, conta com praticamente 12%, uma representatividade seis vezes maior. Isto trouxe uma nova realidade acadêmica, tendo como exemplo a aprovação no vestibular, pelo sistema de cotas, de um morador de rua e de uma quilombola. Ainda assim, o número está longe dos 45% de negros (pretos e pardos) que compõem a população brasiliense, segundo o IBGE.

“São políticas que reconhecem e valorizam a pluralidade étnica que marca a sociedade brasileira e, ao tratar de maneira desigual os desiguais, avança no caminho da justiça social e da igualdade de oportunidades”, afirma o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos.

Hoje já são 2.332 estudantes que entraram pelo sistema de cotas para negros (1.218 homens e 1.114 mulheres), o que representa 11,9% do total de 19.583 alunos de graduação da UnB. Os cotistas ainda correspondem a 2,7% dos 1.622 prováveis formandos do primeiro semestre de 2008. A partir da disponibilidade da lista destes formandos, constatou-se que, em dezenove cursos com duração de quatro anos, havia uma distribuição de 44 estudantes oriundos do sistema de cotas. A dispersão entre os cursos ajuda a comprovar o elevado empenho dos cotistas em sua formação.

Desempenho - A nota média destes prováveis formandos cotistas ao longo de sua formação, analisados como um grupo, foi de 3,9 (escala de 0 a 5), o que demonstra um desempenho coletivo acima da média. A menor média individual foi 2,8 e a maior 4,8. Uma entrevista feita com 38 dos formandos cotistas (86,4% do total), constatou que 57,9% já ingressaram no mercado de trabalho; 18,4% estão em estágios; e 23,7% não trabalham ou estagiam, dedicando-se a outros estudos, como os preparatórios para concursos públicos ou pós-graduação.

“A política de cotas não deve ser uma política eterna. Deve cumprir seu papel histórico apenas enquanto as ações de melhoria do ensino fundamental e médio estiverem incompletas. Neste tempo servirá também para reparar as injustiças que os negros(as) brasileiros(as) experimentaram para construir esta nação”, assegura o ministro.

Histórico - O Sistema de cotas para Negros foi aprovado no dia 6 de junho de 2003 pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UnB, no âmbito do Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial. O objetivo é destinar durante um período de dez anos, 20% do total de vagas de cada curso oferecido nos vestibulares a candidatos negros de cor preta ou parda. De acordo com o relatório, o impacto foi imediato, tanto que o primeiro vestibular da UnB com o sistema, o 2º Vestibular de 2004, atraiu 4.400 candidatos, de um total de 23,5 mil inscritos no vestibular.

Fonte: UNB