Nota da FEFD sobre a reabertura dos espaços de atividades físicas no contexto da pandemia de COVID-19
Nota da Faculdade de Educação Física e Dança da UFG sobre a reabertura dos espaços de atividades físicas no contexto da pandemia de COVID-19
O número de infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) no mundo já ultrapassou 13 milhões de pessoas, com número de mortes próximo de 01 milhão, sendo que no Brasil são mais de 2 milhões de casos confirmados, chegando a marca de 77 mil mortes, com reconhecida subnotificação.
A Organização Mundial da Saúde - OMS declarou que este quadro constitui uma Emergência de Saúde Pública global e a curva de transmissão do vírus continua em crescimento em algumas regiões do país, como é a atual situação de Goiás. Diante deste cenário, a Faculdade de Educação Física e Dança - FEFD da Universidade Federal de Goiás – UFG vem a manifestar que:
- As recomendações da OMS apontam que o distanciamento social é reconhecidamente a medida mais eficaz para reduzir o contágio.
- Ainda não existe uma forma efetiva de tratamento para os casos graves da doença nem vacinas, o que reforça a necessidade do distanciamento social.
- A transmissão do SARS-CoV-2 ocorre por gotículas/aerossol e por contato. A disseminação é facilitada em espaços fechados em que o vírus pode permanecer infeccioso em aerossóis por horas e em superfícies por até dias. Há uma probabilidade substancial de transmissão de vírus entre pessoas respirando em ambientes confinados - como ocorre em muitos espaços especializados em práticas corporais, treinamentos e atividades físicas e esportivas, tais como academias de fitness, centros de treinamento, clubes, associações, espaços em condomínios, que doravante chamaremos apenas de “espaços de atividades físicas”.
- As Medidas efetivas para impedir a contaminação em situações de hiperventilação vêm sendo desenvolvidas e testadas em vários países.
- Os Professores de Educação Física em atuação nos espaços de atividades físicas poderão estar em risco, mesmo que minimizados pelos mais recentes protocolos.
- Merece nossa preocupação o contexto de elevado número de contaminação e mortes de profissionais de saúde que estão atuando diretamente no enfrentamento da pandemia, com condições precárias de trabalho intensificadas, esgotamento físico e mental, medo do contágio de si e de seus familiares e falta de equipamentos de proteção individual.
- A liberação do funcionamento dos espaços de atividades físicas pode contribuir para o afrouxamento das medidas de distanciamento social e restrição de circulação, dando a impressão de que a vida segue normalmente, em clara negligência aos indicadores de casos e óbitos por COVID-19 no Brasil.
- É necessário ponderar a preocupação com a saúde como justificativa para reabertura dos espaços de atividades físicas, tendo em vista que o aglomerado de pessoas nestes ambientes amplia a exposição ao contágio com o novo coronavírus, tanto para os praticantes quanto para os profissionais, bem como para as pessoas do seu entorno.
A FEFD reconhece e valoriza a árdua tarefa de pesquisadores de todo o mundo em busca de soluções para esta crise, inclusive com o aporte de docentes desta unidade de ensino, mas entende que a utilização dos mais avançados protocolos que sustentam a abertura dos espaços de atividades físicas, depende também de uma série de variáveis difíceis de serem controladas, em especial no que diz respeito ao comportamento social.
A FEFD, preocupada com a preservação da vida e atenta aos efeitos da crise sanitária e humanitária da pandemia, é contrária a reabertura dos espaços de atividades físicas, enquanto os casos não apresentarem uma diminuição sustentada ou que os protocolos mais recentes de gestão do risco de contaminação estejam suficientemente testados e aprovados e que possam ser seguidos à risca.
Nos solidarizamos com todas as pessoas e empresas esportivas, do segmento fitness, das associações e clubes, afetadas por tais circunstâncias. Nesse sentido, defendemos que haja esforços das entidades que representam a profissão para pressionar a tomada de políticas públicas de aporte financeiro para empresas e trabalhadores, direcionando apoio econômico do Estado para pequenas/médias empresas e trabalhadores autônomos, garantindo, inclusive a manutenção de empregos, dada a diminuição da autonomia de trabalho durante a pandemia, limitando assim a pressão de setores econômicos pela reabertura.
As práticas corporais e atividades físicas são importantes e recomendamos que sejam realizadas em casa, considerando gostos, preferências, possibilidades, estrutura dos ambientes e aspectos de segurança, preferencialmente com supervisão remota de Profissionais de Educação Física, até que seja possível reabrir os espaços de atividades físicas com garantida segurança.
Repudiamos declarações e medidas que subestimam o quadro alarmante e complexo da pandemia; que negam as recomendações das autoridades médicas e científicas e as experiências internacionais exitosas no trato com o problema; que atacam a ciência, enquanto a comunidade científica tem se empenhado para encontrar uma vacina ou medicamento, produzir equipamentos e testes e desenvolver ações diversas no sentido de minimizar os efeitos da pandemia; que colocam em risco a vida da população brasileira, especialmente dos mais vulneráveis, sobrecarregando o trabalho dos profissionais que estão na linha de frente do combate do vírus no país.
Indicamos a necessidade de medidas de saúde pública que evitem o colapso dos sistemas de saúde e reduzam os óbitos, medidas econômicas de auxílio às empresas e trabalhadores da Educação Física, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e a valorização da ciência nas tomadas de decisão.
Conselho Diretor da Faculdade de Educação Física e Dança, 16 de julho de 2020.
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