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Professor e egressos do curso de Educação Física da FEFD publicam artigo sobre os possíveis efeitos do processo de uberização na qualidade do sono de motoristas profissionais de aplicativo

Por Diego Amaral. Em 16/12/22 22:38. Atualizada em 30/01/23 13:38.

O Prof. Claudio Lira e os egressos da FEFD, Vinnycius Nunes de Oliveira e Thalles Guilarducci Costa, publicaram um artigo de opinião
sobre os possíveis efeitos do processo de uberização na qualidade do sono de motoristas profissionais na Chronobiology International (fator
de impacto: 3.749).

O objetivo do artigo foi alertar sobre os riscos de trabalhar de forma excessiva em detrimento da qualidade do sono. É sabido que motoristas
profissionais de aplicativo experimentam uma flexibilidade de trabalho, porém não possuem direitos trabalhistas (férias remuneradas,
descanso remunerado, 13º salário e seguro-desemprego). Esse fenômeno tem sido chamado de ‘’uberização’’, ou seja, precarização do trabalho
frente a grandes empresas multinacionais que cedem seu espaço para trabalhadoras que não são empregados, mas chamados de “parceiros”.

O que ocorre é que muitos motoristas trabalham de forma excessiva, gerando uma elevada jornada de trabalho em detrimento da qualidade do
sono. A literatura aponta que a jornada de trabalho excessiva pode aumentar o risco de sonolência diurna devido à privação ou má qualidade do sono, aumentando o risco de efeitos prejudiciais à saúde, tais como surgimento de doenças cardiovasculares, prejuízo da função cognitiva e da saúde mental e risco aumentado de acidentes automobilísticos. Considerando que a má qualidade e distúrbios do sono podem ser deletérios à saúde, podemos considerar tal situação como um problema de saúde pública, acarretando um custo econômico significativo para os sistemas de saúde.

Uma possível estratégia sugerida no artigo para contornar essa situação seria o monitoramento da rotina diária de trabalho de modo que os aplicativos de mobilidade integrassem uma forma de avaliar o estado de alerta dos motoristas, já que a privação do sono pode prejudicar o tempo de reação. Dessa forma, o login no aplicativo só seria possível se o motorista realizasse um teste de tempo de reação. O aplicativo não permitiria que o motorista trabalhasse se o resultado fosse insatisfatório, assim o tempo de trabalho poderia ser limitado. As empresas de aplicativos também precisam investir na educação do sono e estimular os motoristas a terem hábitos de vida saudáveis, incluindo a prática de exercício físico, que  comprovadamente melhora a qualidade do sono.

De acordo com o responsável pelo artigo, o Prof. Claudio Lira, “o artigo se justifica, pois pouco se tem discutido na literatura sobre a qualidade de sono e o processo de uberização do trabalho. Vale ressaltar também que a qualidade de sono é importante para saúde e o seu detrimento em função do trabalho pode trazer uma série de consequências.” O estudo contou com a participação de Vinnycius Nunes de Oliveira (professor de Educação Física e egresso da FEFD), Thalles Guilarducci Costa (aluno de doutorado do LAMOVH e egresso da FEFD), Marília Andrade (professora da Universidade Federal de São Paulo), Rodrigo Vancini (professor da Universidade Federal do Espírito Santo), Beat Knechtle (professor da University of Zurich/Suíça), Katja Weiss (professora da University of Zurich/Suíça), Fernanda Veruska Narciso (professora do Centro Universitário Mário Palmério), João Paulo Pereira Rosa (professor do Centro Universitário Mário Palmério) e Claudio Lira (professor da FEFD).

O artigo intitulado “Possible effects of uberization on the quality of sleep of professional drivers” pode ser lido no link abaixo:

https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/07420528.2022.2154225

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