Clubes formadores querem ''fatia'' da lei Agnelo Piva

Por Pollyana Nascimento. En 06/02/09 00:10 . Actualizado en 24/01/12 08:26 .
Para o presidente do Minas Tênis Clube, o Conselho Nacional de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos (CONFAO) é, por enquanto, apenas um instrumento para pressionar o governo para que uma fatia da Lei Agnelo-Piva seja repassada aos clubes

Já para Márcio Braga, mandatário, do Flamengo, a entidade pode - e deve - funcionar como uma espécie de "Clube dos 13" e promova, inclusive, competições de modalidades diversas entre os integrantes do grupo.

"Estamos colocando no nosso estatuto que organizaremos competições entre nós [clubes que integram o CONFAO]", disse Márcio Braga durante evento de lançamento do conselho realizado nesta terça-feira, na sede do Clube Pinheiros, Em São Paulo. Participaram do evento presidentes de Corinthians, Vasco, Flamengo, Fluminense, Grêmio Náutico União, Minas Tênis Clube, Sogipa e do próprio Pinheiros.

Porém, questionado sobre quais seriam os objetivos do CONFAO, o presidente da entidade, Sérgio Coelho, do Minas Tênis Clube, afirmou: "Ainda estamos no começo. É nossa primeira reunião. Por hora nosso objetivo é sensibilizar o Governo Federal e passarmos a participar dos repasses da Lei Agnelo-Piva".

Organizar competições seria uma cartada de Braga para cortar os gastos que os clubes tem hoje com as federações esportivas. O mandatário do Flamengo, que vê seu clube afundar em dívidas - terá de pedir R$ 10 milhões emprestado para quitar dívidas com funcionários e atletas -, é o maior interessado em diminuir custos. Tanto que chegou a cortar os investimento em esportes olímpicos na Gávea. Só manteve ginástica e basquete (por contar com patrocínio próprio) e o remo (uma obrigação estatutária).

"Pagamos cifras que chegam perto de R$800 mil reais para as federações. Essa briga que estamos comprando também inclui cortar esse tipo de despesa. Para isso, precisamos organizar nossos próprios campeonatos. Fazer algo parecido com o que o Basquete está fazendo [recentemente os clubes se uniram para disputar uma liga independente da Confederação Brasileira de Basquete que fundaram o torneio Novo Basquete Brasil]", completou Braga.

"Não é apenas os objetivos finais da entidade que não estão definidos. Os presidentes também não sabem dizer ainda como dividiram os 30% do repasse da Lei Agnelo-Piva pelo qual estão brigando. "Também penso que ainda é cedo para discutirmos isso. Mas isso certamente será discutido nas próximas reuniões. O que é certo é que não vai adiantar chegar um clube e dizer 'me vê um pouco de dinheiro que vou tentar montar tal coisa no meu clube'. Não vai ser assim", declarou Coelho.

E clubes que não participaram da fundação do CONFAO já circundam a entidade. No lançamento feito na manhã desta terça-feira, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, vice-presidente de futebol do São Paulo, representou o time do Morumbi no encontro. O presidente do Tijuca Tênis Clube, Vitor Cezar Pereira, também esteve presente.

ENTENDA A LEI AGNELO-PIVA

A Lei Agnelo-Piva determina que 2% da arrecadação bruta das loterias federais sejam repassadas ao COB e ao CPB. Ambos dividem o montante, respectivamente, em 85% e 15%, e administram a verba incluindo repasses para federações esportivas. Clubes não podem ser incluídos como beneficiários das verbas públicas.

Fuente: Bruno Império - Em São Paulo