Para substituir vestibular, Enem deve ter 2 provas
A ideia é realizar um teste por semestre, na mesma data, em todo o país. Haddad enviou nota aos reitores das federais com a proposta de criação do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele se reunirá com os dirigentes, segunda-feira, para discutir a medida. Como as universidades têm autonomia para definir as formas de ingresso, a substituição só valerá nas instituições que aderirem ao novo sistema.
— Funciona muito bem em países desenvolvidos. Não tem por que não funcionar aqui — disse Haddad. — É muito provável que se tenha que aplicar mais de uma prova por ano. Nos Estados Unidos é assim. O novo Enem permitirá o ingresso em todas as universidades públicas ou privadas que aderirem. A proposta é inspirada no Scholastic Assessment Test (SAT), teste aplicado nos Estados Unidos.
Instituições poderão escolher mínimo de pontos
Em linhas gerais, a ideia é a seguinte: o candidato faz a prova do Enem em qualquer estado e recebe uma nota. Na outra ponta, cada universidade determina a pontuação mínima para ingresso em seus cursos. Essa nota de corte poderá variar em diferentes instituições e cursos. Assim, um estudante do Rio que obtenha nota suficiente para ingressar numa faculdade de medicina do Ceará, por exemplo, poderá matricular-se naquele estado. E vice-versa.
O ministro afirmou que isso dará mais mobilidade aos estudantes, beneficiando alunos que não têm dinheiro para arriscar vestibulares em outras cidades. Segundo ele, só 0,04% dos calouros frequentam a universidade em outro estado. Nos Estados Unidos, são quase 20%. O governo deverá aumentar os repasses de assistência estudantil às universidades que aderirem. A medida servirá de estímulo para que elas abram mão da arrecadação com as taxas de vestibulares.
A proposta é que a nova prova seja realizada pela primeira vez em outubro, num sábado e num domingo, avaliando quatro áreas: linguagens, com questões de língua portuguesa, língua estrangeira e redação; matemática; ciências humanas; e ciências da natureza. Cada teste teria 50 questões de múltipla escolha. Os critérios de uso dos resultados ficam a cargo das instituições. O MEC divulgará separadamente os resultados dos candidatos em cada área avaliada. Cada instituição poderia determinar o peso da nota cada área. Universidades que queiram realizar outra prova, além do Enem, teriam liberdade para isso.
Haddad espera que o novo Enem oriente as escolas na definição dos currículos, contribuindo para melhorar a qualidade da educação. De acordo com o ministro, o vestibular faz isso hoje, mas de forma prejudicial, pois privilegia a decoreba e não a capacidade de pensar e resolver problemas do cotidiano. — Há bons colégios que são uma espécie de cursinho de três anos — disse o ministro.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Amaro Lins, disse que a discussão começará para valer na segunda-feira.
O que vai mudar
- Prova Nacional: Estudantes de todo o país fazem provas iguais, na mesma data. O Enem atual, que seleciona candidatos ao ProUni, ocorre em 1.300 municípios.
- Abrangência: A nota obtida permite o ingresso em todas as universidades que aderirem ao novo vestibular, sejam federais, estaduais, municipais ou privadas.
- Conteúdo: Estão previstas quatro provas, com 50 questões de múltipla escolha: língua portuguesa, estrangeira) e redação; matemática; ciências da natureza (física, química, biologia); e ciências humanas (história e geografia, podendo haver itens de sociologia e filosofia).
- Nota de Corte: Cada instituição define a pontuação mínima para ingresso, que pode variar em cada curso.
- Mobilidade: Um candidato que faça a prova no Rio e obtenha pontuação suficiente para estudar no Ceará pode matricular-se na instituição cearense e viceversa.
- 2ª Fase: As instituições têm liberdade para realizar uma segunda etapa de seleção, com provas teóricas ou práticas.
- Data: O Mec quer aplicar o novo Enem pela primeira vez em outubro. Sugere a realização do exame pelo menos duas vezes por ano.
Fuente: Jornal da Ciência - O Globo